Sunday, November 30, 2008

LUCILA NOGUEIRA CUBA NO CORAÇÃO












COM WALDO LEYVA E MARINA MARTENSSON


Saudade de Havana

Thursday, November 27, 2008

BRASIL E ANGOLA: UMA SÓ CUMPLICIDADE

COM JOSÉ EDUARDO AGUALUSA E MARINA MARTENSSON


Sunday, November 23, 2008

VIVA A LITERATURA DE MOÇAMBIQUE : PROFESSOR PATRICK CHABAL, LUIS CARLOS PATRAQUIM, PAULINA CHIZIANE, MARCELINO DOS SANTOS






















Wednesday, November 19, 2008

Painel Geração 65 : Saudade de Sérgio Albuquerque


O poeta, ensaísta e professor de filosofia da Universidade Federal de Pernambuco Ângelo Monteiro deu início à sessão de saudade de seu amigo da Geração 65 recentemente desaparecido ,pintor e escritor Sérgio Moacir de Albuquerque

“Os homens são jovens quando sonham”, digo no poema Lição Breve do meu penúltimo livro, Os Olhos da Vigília. Este verso se aplicava muito bem a Sergio Moacir de Albuquerque. Como sonhava, mais do que vivia, fazia com que todos em torno dele se tornassem mais jovens.

Ele via no sonho uma espécie de imortalidade e por isso não tinha outros planos nem projetos senão a irradiação de sua alegria de viver sobre todos ao seu redor. Em torno de Sergio tudo se fazia viagem. E a vida era sempre um reino de felizes possibilidades.

Como permaneceu belo, transmitia permanentemente uma lição de beleza descompromissada com as rotinas da existência. Um verso da primeira parte dos seus Cantos da definitiva primavera definiu fielmente sua opção existencial: “porque o descompromisso é meu lema”. Como o descompromisso estava na base da sua efusividade permanente, se mostrava mais preocupado com o sopro da existência do que com sua brevidade.

E é porque tinha consciência dessa brevidade que fez dessa efusão de vida uma fogueira acesa sobre os dias. E a chama dessa fogueira ainda espalha suas fagulhas em torno de nós, mesmo depois de sua passagem.


Lucilo Varejão Neto , amigo de Sérgio desde os tempos do Ginásio Pernambucano, ensaísta,tradutor e Professor de Língua e Literatura Francesa da Universidade Federal de Pernambuco, deu um belo e emocionante depoimento sobre o pintor e escritor homenageado pela Fliporto 2008

Painel Geração 65 : SAUDADE DE SÉRGIO ALBUQUERQUE

Poeta Cyl Gallindo,idealizador da homenagem a Sérgio Albuquerque na Fliporto 2008.

Recatado, seletivo e arredio à vida superficial e mundana, todos os amigos de Sérgio o amaram de verdade,causando uma verdadeira comoção no Recife o seu desencantamento no último 31 de agosto.

Painel Geração 65 : Saudade de Sérgio Albuquerque

Poeta José Mário Rodrigues
autor do posfácio da Edição dos Quarenta anos de Murais da Morte, publicada em fac-símile pela Editora Fliporto, 2008
com ilustrações de Vicente do Rego Monteiro

SÉRGIO MOACIR


José Mário Rodrigues


Chegamos primeiro, eu e Ângelo Monteiro, ao velório de Sérgio Moacir, no Cemitério de Santo Amaro. Depois foram chegando Esman Dias, o pintor Delano, Celane, Tereza, Beth, irmãs do poeta. Um pouco mais, Lucila e as três filhas e os dois netos, como se pássaros fossem, absortos no ninho e distantes do mistério da morte. Mas que mistério tem a morte se sabemos que vamos morrer? Era a indagação do poeta Joaquim Cardozo, respondendo a uma entrevista que fiz para este JC.


Quando Lucila Nogueira depositou nas mãos de Sérgio o seu último livro Canto da definitiva Primavera, me veio logo uma reflexão: a gente se enterra com nossos próprios poemas. Perdoem-me todos os que escrevem poesia, mas é ilusão acreditar que seremos lidos e lembrados. São tantos os poetas que nascem e morrem e tão poucos os leitores que se o poema merecer alguma atenção será, para o escritor, como ganhar na loteria.


Sérgio transitou o seu talento por vários caminhos da arte. Possuía agudo senso crítico, era capaz de sentir o faro da grande obra. Durante a sua fase produtiva, que se deu antes do exílio em Paris e depois da volta para o Recife, tinha a luminosidade do homem especial. O seu romance Irene, publicado pela Civilização Brasileira, mereceu muitos elogios da crítica do Sul, mas nunca foi reeditado.


Ele veio de uma linhagem culta. Seu pai, Moacir de Albuquerque, foi professor de literatura do Ginásio Pernambucano, na década de 50, e era tão respeitado como critico literário a ponto de Gilberto Freyre escrever, em 1962, que "raramente tem havido nas letras brasileiras um tão fiel amor de escritor à sua vocação e à sua especialidade como o que caracterizou a atividade, desde jovem, de Moacir de Albuquerque: sua atividade de crítico literário". O professor Moacir conhecia profundamente literatura francesa e até publicou ensaios sobre Baudelaire e Rimbaud . Escreveu também sobre literatura brasileira e portuguesa dedicando vários artigos sobre a estilística de Eça de Queiroz.


Na sala do velório, a impressão que me dava era mesmo a de que o morto carregava os vivos. As recordações nos tornavam iguais. Em 1968, estávamos na faixa dos 20 anos. Sérgio, além do jeito de sábio, chamava atenção pela beleza física. Parecia um Cristo atravessando pontes e calçadas do Recife. Na época, o sociólogo Pessoa de Moraes aglutinava, em sua residência da Gervásio Pires, a grande maioria de poetas da Geração 65. Sérgio, Tarcísio Meira César, Laércio Vasconcelos, Lourdes Sarmento e eu éramos mais constantes na convivência com o autor de Tradição e transformação do Brasil.


Seu livro de estréia foi Murais da morte, publicado pela Imprensa Universitária. Com uma forte influência da poesia de João Cabral , Renato Campos, seu amigo e prefaciador, viu na obra uma espécie de "violência primitiva". Nunca entendi o que Renato quis dizer com isso. Não tem importância. Passou. Cada coisa que ele fazia era por necessidade criativa. Andou fazendo experiência com pintura e levou ao máximo o exercício de uma certa monotonia pictórica. Depois deixou de pintar, de escrever, e entrou na "definitiva primavera", uma coisa fácil para quem "vivia equilibrando sonhos na ponta dos dedos".


Poucas pessoas conheci tão desvinculadas da realidade. Nada precisava acontecer, bastava ser imaginado e vivido. Ao enterramos os nossos mortos, ficam os momentos de convivência com eles. Logo mais virá o sono, um intervalo entre o amanhecer e a "oculta ventania".

Publicado no Jornal do Commercio em 20.09.2008


Painel Geração 65 : Saudade de Sérgio Albuquerque

AS FILHAS NATÁLIA E ALMENARA TRIANA NOGUEIRA DE ALBUQUERQUE, JUNTO COM O NETO RAPHAEL ALBUQUERQUE DE MELO, ESTE ÚLTIMO OUVINDO COM MUITA ATENÇÃO TUDO O QUE ESTAVA ACONTECENDO

MARINA NOGUEIRA MARTENSSON E TODO O SEU TALENTO, QUE ALÉM DA FALA NA HOMENAGEM AO PAI TAMBÉM DECLAMOU O NAVIO NEGREIRO DE CASTRO ALVES, POEMAS AFRICANOS NA PALESTRA DO PROFESSOR PATRICK CHABAL E AS TRADUÇÕES DE AUTORIA PRÓPRIA DOS POEMAS DO NORTE-AMERICANO QUINCY TROUPE,POETA LAUREADO DA CALIFÓRNIA,BEM COMO A TRADUÇÃO INSTANTÂNEA DA ENTREVISTA DO ROMANCISTA WILLIAM GORDON COM O SEU EDITOR (RECORD)FELIPE HARRISON

Painel Geração 65: Saudade de Sérgio Albuquerque

Sérgio Moacir de Albuquerque e Lucila Nogueira no lançamento do Livro de José Mário Rodrigues, Declaração da Eterna Brevidade, em setembro de 1979, na Livraria Livro-7




Nas mãos os Murais da Morte (Edição dos 40 anos) com Marina,Anders,Tatyane,Michelle e José Mário Rodrigues

Cheguei há pouco de Bordéus e durante a viagem li "Murais da Morte". Fiquei muito impressionado pela qualidade da poesia, a densidade desta poesia escrita por um jovem poeta/intelectual/ artista - são poucos aqueles a quem os deuses concedem os dons da beleza ( mesmo fisica) , da sensibilidade e da inteligência. Há na maneira de abordar a morte algo que me é familiar na poesia do Carlos de Oliveira, a mesma espessura , mesmo perante a paisagem ( em Oliveira, a Gândara). O seu depoimento e poema são lindos, impossível não ouvir o roçar das asas de um anjo. Mas ele viverá para sempre nas vossas memórias.

Carta a Lucila Nogueira do professor JOSÉ MANUEL DA COSTA ESTEVES

Cátedra Lindley Cintra da Universidade Paris Ouest-Nanterre La Defense





Lendo o Prefácio de Murais da Morte(1968) - Edição dos Quarenta Anos(2008) - poemas das orelhas , contracapa e dados biobibliográficos






TÃO LONGE, TÃO PERTO, I WISH YOU WERE HERE


LUCILA NOGUEIRA


Há quarenta anos,em 1968, quando este livro foi publicado, Sérgio Moacir de Albuquerque tinha 22 anos e atuava na cidade do Recife como belo e precoce Rimbaud nordestino. Filho do conhecido professor de literatura Moacir de Albuquerque, precocemente desaparecido e amigo de Pessoa de Morais, Renato Carneiro Campos e Hermilo Borba Filho, a leitura e a boa convivência aguçavam seu espírito crítico, sua sagacidade irônica e, ao mesmo tempo, seu gosto estético, que se tornaria depuradíssimo.

A poesia apresentada em Murais da Morte vai surgir de acordo com a linha da Geração 65 , no que concerne ao domínio formal e o cultivo de uma certa aspereza cabralina, quer de temática, quer de despojamento retórico, na busca do avesso do lugar comum e da mesmice que caracterizava o poeta diplomata do Recife. E surge com o seu autor Sérgio dentro de uma aura de precocidade e brilhantismo, tanto que as ilustrações de Vicente do Rego Monteiro foram feitas especialmente para esta lírica.

O êxtase da intimidade com a palavra o levou a escrever romances na senda neo-realista, que permanecem inéditos. Porque com a ida para a França, logo a seguir, entrou em contato com o nouveau roman e passou a deconstruir os conceitos tradicionais de enredo e personagem na narrativa. É quando surge Irene, que seria publicado em 1974 pela Civilização Brasileira, tornando-se pedra de toque da vanguarda ficcional brasileira, obra irmanada à atmosfera vivencial da geração beat, que escrevia o que vivia e vivia o que escrevia, sem a dicotomia artificial entre autor e protagonista. Entre poesia e vida.

Havendo estudado com Lucien Goldman, Jacques Lenhardt e Roland Barthes, Sérgio adquiriu uma visão do romance em voga na Europa que só iría começar a ser compreendida no Brasil décadas depois, vale ressaltar nos seletos ambientes acadêmicos e cosmopolitas. Ao mesmo tempo, sua poesia passou a se desprender da observação e descrição realistas e começou a transitar no território da fusão de gêneros, naquele espaço lírico da narrativa que caracteriza a ficção contemporânea. Sinfonia e Canções da Definitiva Primavera dão continuidade a essa ausência de linearidade, essa quebra do esperado e do previsível.

Quando eu o conheci, em 1978, há trinta anos portanto, Sérgio estava dedicado à pintura e fazia paisagens metafísicas através de nuvens coloridas vista de cima. Ouvia Pink Floyd e Rick Wakeman, tocava um pequeno órgão noturno e tinha o cuidado de gravar em cassetes o produto desses exercícios. E um dia adormeci em seu ombro na madrugada do centro do Recife. A sua era a aparência de um deus caminhando nas ruas e ladeiras de Olinda. Um deus bem ao modo dos antigos, sempre atento à possibilidade de descer em nosso mundo primitivo, como o Cassiel de Wim Wenders, em Tão Longe, Tão Perto, ou como na seqüência de Asas do Desejo, onde um anjo se apaixona por uma trapezista.

Fechado, tímido, introvertido, não lhe agradava transitar por entre automatismos.Era um homem da casa, do mar, da música, das cores, da frequentação do corpo feminino. Vários poemas escrevi enquanto pintava ao som da música, no casarão marroquino do Janga, subindo com meus caftans longos a escada dourada até o mezanino, onde a lua nova vigiava tanta inocência até chegar a manhã nos vitrais coloridos. Guardarei sempre a lembrança das águas, nossa jangada em alto mar ,nossas caminhadas na praia, nossos corpos nas areias e nas almofadas, nosso trabalho cotidiano a cuidar das filhas. Guardarei sempre a memória de um intelectual raríssimo que sempre esteve preso à vida.

Preso à vida. Mas agora já não volta, a voz que ouço pela casa é imaginação e solitude, ecoando de baixo para cima do mezanino. O seu quarto está do mesmo jeito, não ouso tocar em nada, tudo estava esperando pelo seu retorno, permanece na sala sua cadeira vazia, de onde olhava o meu entra e sai cotidiano como espectador paciente e compassivo.


Era sonhador sem ser dramático, de sua estada na França ficara um gosto de arte e vida interrompidas, que foi diminuindo à medida que cresceram suas filhas. Tinha desprezo pelas concessões que eu fazia na vida prática para manter a nossa família no mesmo nível.

Os três últimos anos de sofrimento, como se uma praga absurda tivesse entrado em seu destino. Tristeza imensa que tanto me aturdia,o meu Netuno do Museu do Prado, belo três vezes trinta, sofrendo as chagas do Cristo com quem tanto se parecia. Sim, a vestal guardou por doze anos todo o seu fogo na vigília. Sherazade sem segunda chance, mas apenas na parte física. Porque todo o resto continuou como antes, fidelidade e adesão ao sacrifício, pois uma história quando é bonita tem que ser cumprida para ser merecida. Na saúde e na doença, na juventude e na velhice. Quem é mesmo companheira há de seguir até o fim.

Sabemos disso os loucos, os poetas, os artistas.

Saudade sempre de quem ficou sozinha.


Lucila Nogueira, Boa Viagem, 2008.



DADOS BIOBIBLIOGRÁFICOS


DE SÉRGIO ALBUQUERQUE


Sérgio Albuquerque é o precursor, no Brasil, da literatura herdeira da beat generation, que teve como arautos Allen Ginsberg, Jack Kerouac, William Burroughs, sucessores do dadaísmo/surrealismo integrados às conquistas hedonistas do existencialismo que caracterizou as décadas seguintes. Nascido no Recife, a 21 de abril de 1946, filho do professor de Literatura Moacir de Albuquerque, Sérgio ali publicou seu primeiro livro em 1968, Murais da Morte e seguiu muito jovem para a França, onde estudou na École Practique des Hautes Études sob a orientação de Jacques Lennhardt e , posteriormente, Roland Barthes. Sua novela Irene foi publicada em 1974 pela Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, muito bem recebido pela crítica do sul do Brasil como pedra de toque da vanguarda ficcional brasileira. Nela já existia o hibridismo que iría instaurar o diálogo da literatura com o espírito da música pop, linha a ser também desenvolvida, logo após, pelo escritor e jornalista Caio Fernando Abreu, igualmente depois de temporada na Europa. Sérgio publicou ainda, Sinfonia, no Recife, em 1991 e Cantos da Definitiva Primavera, em São Paulo, em 1998. O livro Murais da Morte integra a bibliografia do Curso de Pós-graduação em Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora, na disciplina Tópicos Avançados de Psicologia e Religião. Pintor desde os tempos de estudos em Paris, desenvolveu uma linha neo-impressionista em desacordo com o cânon figurativista da província, havendo realizado uma única individual na Galeria de Tiago Amorim, em Olinda. Sociólogo de formação, trabalhou no Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, depois transformado em Fundação. Foi assessor de artes plásticas e depois editorial da Fundarpe, Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco. Viveu quase trinta anos com a também escritora Lucila Nogueira, com quem teve três filhas : Natália, Marina e Almenara, seguidas dos netos Alexander e Raphael. Desencantou-se a 31 de agosto de 2008 deixando inéditos romances, poemas e novelas,artigos publicados em jornal ao tempo de sua juventude, além de uma monografia encomendada pela Fundarpe, Governo de Pernambuco, sobre Osman Lins.




POEMA X X DE REFLETORES

para Sérgio


Caminho entre as cadeiras da platéia
desde o meu nascimento que estou high

você é meu personagem predileto
não vale a pena enfim dramatizar

a cidade mudou e quem devolve
os fins de tarde à mesa do Mustang

os encontros no bar da Livro-7
o strogonoff da cantina Star

feche este livro e não abra os e-mails
todo o meu erro foi pensar demais

dance tecno house ou heavy metal
o bolero e o pagode ou o frevo e o forró

os pássaros estão cantando forte
na súbita claridade da manhã

cercada de néon e raio laser
está na hora de acabar o show

caminho entre as cadeiras da platéia
o último a sair que apague o refletor

Tuesday, November 18, 2008

Painel Geração 65 : Saudade de Sérgio Albuquerque


Lucila Nogueira, José Mário Rodrigues, Marina Nogueira Martensson,Cyl Gallindo,Lucilo Varejão Neto, Ângelo Monteiro, Natália Nogueira de Albuquerque, Almenara Triana Nogueira de Albuquerque e Raphael - dia 8 de novembro, sábado às 15 horas,Porto de Galinhas


EVOCANDO SÉRGIO MOACIR DE ALBUQUERQUE


Sílvio Soares da Silva
Antropólogo e Professor Universitário
e-mail silvio.soares@uol.com.br


Convivi e ainda convivo com muitos dos integrantes da chamada Geração 65. Geração formada por talentosos e expressivos artistas desde o início de sua constituição. Romancistas, poetas, pintores, jornalistas, que souberam romper fronteiras e conseguiram se impor com a bandeira nova e criadora que desfraldaram em época politicamente difícil vivida pelo país, com acentuados reflexos em Pernambuco. A minha ligação com os componentes do grupo foi, sobretudo, de fraternal amizade. Procurei, de alguma maneira, colaborar com eles divulgando quase tudo que faziam em suas diferentes formas de expressão artística, em coluna que assinei por alguns anos no Diário de Pernambuco. Aliás, foi o Diário que começou a acolher, em meados da década de 1960, nas páginas do respectivo “Suplemento Literário”, pelas mãos do poeta César Leal, seu editor, trabalhos dos integrantes de um grupo que Tadeu Rocha, cuidadoso historiador literário, chamou num feliz instante de Geração 65.


Dentre os integrantes dessa rica e discutida geração estava Sérgio Moacir de Albuquerque: amigo, poeta, romancista, ensaísta e pintor tão sensível às coisas do Brasil, da nossa região e principalmente do Recife, cujo perfil recordo em trabalho que enviei para o recente Fliporto. Fomos colega de turma no Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco. Sentávamos lado a lado na sala de aulas.


Dos vários companheiros, os mais próximos de nós eram Cyl Gallindo, Marcos Albuquerque, Maria Célia de Azevedo e Felícia, de quem nunca mais tivemos notícias e que deixou em todos nós a marca profunda do seu espírito de luta e liberdade, que tanto cultivava. Cyl Gallindo, integrante da Geração 65, se tornaria um dos grandes promotores da nossa vida literária, sendo autor de uma antologia intitulada Agenda Poética do Recife, que congrega dez poetas e dez artistas plásticos pernambucanos, reconhecida por Audálio Alves como tendo sido aquela oportunidade a primeira vez que um grupo de artistas locais tão expressivos foi reunido em livro. Gallindo é poeta e ensaísta de fôlego, com uma obra intelectual que enriquece a nossa literatura, literatura esta que também recebe importante contribuição de Raimundo Carrero, a quem conheci na Faculdade, onde vez por outra aparecia o romancista de A história de Bernarda Soledade: a tigre do sertão, para um bate-papo entre amigos.

Sérgio Moacir de Albuquerque logo iria estudar na França. Após seu retorno ao Recife publica um sugestivo romance, Irene, e se casa com a escritora Lucila Nogueira, participante da Geração 65 e um dos nomes mais importantes da poesia pernambucana. Este casamento deu-lhe três filhas: Natália, Marina e Almenara.

Lembro-me de uma determinada aula em que um certo professor, erudito de alto prestígio e de grande reputação intelectual nos círculos acadêmicos, questionado por Sérgio sobre tema polêmico que estava expondo, e que teve na seqüência outros tantos questionamentos formulados por Marcos Albuquerque e por mim, encerrou a aula antes da hora, nos acusando de perturbadores da ordem. Apesar disto, Sérgio não era polêmico. Na realidade, ele sempre expunha, em ocasiões oportunas, uma fina e discreta ironia, que perturbava, entretanto, o interlocutor.

( PUBLICADO NO DIÁRIO DE PERNAMBUCO, A 5 DE DEZEMBRO DE 2008)

Painel : Dialogos para não esquecer

NO DOMINGO APRESENTANDO O PAINEL DIÁLOGOS PARA NÃO ESQUECER

DIÁLOGOS PARA NÃO ESQUECER

COM PATRICK CHABAL

DIÁLOGOS PARA NÃO ESQUECER
COM LUIS CARLOS PATRAQUIM E PATRICK CHABAL



MOMENTO DE PLENITUDE AFRO-BRASILEIRA
DIA 9 DE NOVEMBRO EM PORTO DE GALINHAS
COMO A CURADORA LITERÁRIA DA FLIPORTO

JOÃO MELO, AMÉLIA DALOMBA, MARCELINO DOS SANTOS,PAULINA CHIZIANE,PEPETELA,LUIS CARLOS PATRAQUIM,PATRICK CHABAL E LUCILA NOGUEIRA